Galeria Theodoro Braga
Aqui Tá Fazendo Calor
-diálogos entre acervos -
[Amazoniana / GAU - UFPA e Galeria Theodoro Braga / FCP]
Alinhados com o tema da 76ª Reunião Anual da SBPC: Ciência para um Futuro Sustentável e Inclusivo, a Coleção Amazoniana e a Galeria de Arte da UFPA - GAU em parceria com a Galeria Theodoro Braga da Fundação Cultural do Pará vêm difundir, dentro da programação da SBPC, a exposição Aqui Tá Fazendo Calor, pondo em diálogo obras de artistas paraenses presentes nesses dois importantes acervos públicos da região Amazônica.
Ao compreender que a arte é conhecimento e um pilar para essas instituições, reunimos expressiva produção que reflete o contexto amazônico e os conteúdos abordados no encontro da SBPC. São obras em diversas linguagens e de períodos variados que aproximam uma multiplicidade de temas que tratam desde questões de identidade, problemas ambientais, socioculturais e políticas.
Das matrizes da cultura popular presentes no âmbito dos debates sobre a visualidade amazônica, como vistas nas obras de Emmanuel Nassar e de Margalho, às relações ecopolíticas visibilizadas nas performances em vídeo de Marise Maués, de Rafael Matheus Moreira e de Rafael Bqueer, há uma gama de assuntos em que o papel do sujeito em relação ao meio ambiente se fazem presentes, bem como uma dose de ficção e alteridade como na pintura de Mauro Joaquim, que atravessa paisagens amazônidas e aciona relações simbólicas.
Nessa perspectiva, em que figuração e metáfora se vinculam, podemos adentrar nas fotografias de Guy Veloso e Alexandre Sequeira, que nos conduzem a experiências distintas na esfera da cultura, ou também nas delicadezas contidas nas obras de Maria José Batista ao elaborar seu quadro com finas tiras sobrepostas de tnt em um discurso ambiental sobre a Cova das Onças, bem como no trabalho de Mestre Nato, que ao bordar um estandarte, remete à matrizes ancestrais com sua interpretação da Lenda do Guaraná. Ainda vinculada às questões orgânicas dos modos de fazer e viver ribeirinho, Elaine Arruda com sua potente gravura nos conclama à um a ideia de figuração de natureza selvagem.
Em uma perspectiva crítica, Lúcia Gomes reverbera a festa popular da Marujada e do próprio Círio de Nazaré, com a obra Pelo Julgamento de Golpistas e Torturadores da Ditadura em que performatiza para a imagem com o traje típico de maruja, feito todo na cor preta, como também com o objeto da girândola de brinquedos de miriti, originalmente colorida, agora totalmente enegrecidos em uma crítica às múltiplas violências. Há uma crítica contundente presente no movimento que as obras propõem, como é visto no retrato do gatilheiro Quintino, de Éder Oliveira, que traz o “Hobin Hood” do Pará em um retrato em óleo com toda a importância e altivez que esta figura histórica para o debate sobre os conflitos de terra merece.
As obras aqui reunidas, cujos conteúdos atravessam questões complexas, perfazem um giro decolonial estabelecendo diálogo por meio de linguagens, semânticas e cores, ativando diversas possibilidades de leitura e reflexões relevantes nestes acervos que se constituem enquanto frutos de pesquisa em arte na Amazônia Paraense. Há uma temperatura de intensidade presente no conjunto de obras, tal qual na sensação provocada pela obra de Keyla Sobral que nos convida: Aqui Tá Fazendo Calor.
Orlando Maneschy e Pablo Mufarrej
Serviço
Curadoria: Orlando Maneschy e Pablo Mufarrej
Artistas:
Alexandre Sequeira
Éder Oliveira
Elaine Arruda
Emmanuel Nassar
Guy Veloso
Keyla Sobral
Lúcia Gomes
Marise Maués
Mauro Joaquim
Maria José Batista
Margalho
Mestre Nato
Rafael Bqueer
Rafael Mateus Moreira
Período: 5 de julho a 7 de setembro de 2024.
Abertura: 5 de julho, 19h
Local: Galeria Theodoro Braga / Fundação Cultural do Pará (Av. Gentil Bittencourt, 650)